A enxaqueca é um distúrbio neurológico comum, caracterizado por dores de cabeça intensas e recorrentes, entre outros sintomas. Essa condição acomete milhões de pessoas no mundo, afetando muito a qualidade de vida delas. Neste artigo, vamos explorar os diversos aspectos relacionados à enxaqueca para você entender o que é, como identificar, e estratégias para prevenir e tratar este mal.
Sintomas
Enxaqueca é grave?
Que médico/profissional de saúde devo procurar?
Enxaqueca tem cura?
Como tratar
Gatilhos
A complexa relação entre alergias e enxaqueca
Resumo
Sintomas
A enxaqueca é uma condição neurológica complexa que ultrapassa os limites da simples dor de cabeça. É menos trivial do que se imagina, pois trata-se de um desequilíbrio químico do cérebro. Para chegar a um diagnóstico preciso e desenvolver estratégias de controle eficazes, é fundamental entender os sintomas associados a essa condição, e os mais comuns são:
1. Dor de cabeça intensa: a dor de cabeça da enxaqueca costuma ser unilateral e pulsante, pode durar de algumas horas a vários dias.
2. Sensibilidade à luz (fotofobia): muitas pessoas que sofrem com enxaqueca apresentam sensibilidade à luz durante as crises. A luz do sol, ou até mesmo os ambientes claros, podem aumentar o desconforto e a intensidade da dor.
3. Sensibilidade ao som (fonofobia): ruídos altos e estridentes podem se tornar insuportáveis durante as crises de enxaqueca, e o simples som de uma conversa ou uma música em volume baixo podem perturbar a pessoa durante a crise.
4. Náuseas e vômitos: muitas pessoas têm náuseas e, em alguns casos, têm também vômitos durante algumas crises. Esses são sintomas muito desgastantes que contribuem para uma sensação de mal-estar generalizado.
5. Aura visual: a “aura” é um sintoma bastante comum antes da dor de cabeça chegar, e pode ser caracterizada por flashes de luz, linhas em zigue-zague, círculos luminosos ou visão turva.
6. Formigamento e dormência: podem ocorrer em partes distintas do corpo, como mãos, pés ou rosto.
7. Alterações de humor: a pessoa afetada pela enxaqueca pode ficar mais irritada, ansiosa ou depressiva durante e após as crises.8. Dificuldade de concentração: é comum a capacidade de concentração ficar limitada durante algumas crises.
9. Confusão mental: algumas pessoas relatam quadros de confusão mental, esquecimento e morosidade no raciocínio quando acometidas pela enxaqueca. Se estiver realizando alguma tarefa que exija maior raciocínio, aguarde a crise passar para não comprometer o resultado do seu trabalho.
10. Rigidez no pescoço: este é outro sintoma relatado durante algumas crises.
11. Fadiga após as crises: mesmo após o alívio da dor de cabeça e dos outros sintomas, muitas pessoas relatam sentir fadiga e cansaço provenientes da crise.
12. Alterações alimentares: podem ocorrer perda de apetite ou aumento da fome e o aparecimento de desejos ou aversões por alimentos específicos.
13. Alterações sensoriais: mudanças na percepção sensorial, como por exemplo a intensificação do olfato, são comuns durante algumas crises.
14. Vertigem: tontura ou sensação de vertigem também são sintomas comuns.
15. Prejuízo da qualidade de vida: além dos sintomas físicos, a enxaqueca pode ter um impacto forte e muito negativo na qualidade de vida de quem é atormentado por elas, a ponto de interferir nas atividades diárias, sociais e nos relacionamentos.
Reconhecer e entender esses sintomas ajuda as pessoas afetadas pela enxaqueca e os profissionais de saúde a terem subsídios para desenvolver estratégias de tratamento personalizadas, facilitando a administração e o controle das crises e dos sintomas da enxaqueca.
Enxaqueca é grave?
Embora a enxaqueca não seja uma condição que ameace a vida, as dores de cabeça persistentes podem interferir nas atividades cotidianas e levar a complicações como depressão e ansiedade. Podem atrapalhar relacionamentos, causar acidentes e tirar a liberdade dos pacientes.
Que médico/profissional de saúde devo procurar?
Se você tem crises de enxaqueca frequentes, é importante consultar um neurologista ou um médico especializado em dores de cabeça para diagnosticar a enxaqueca, identificar a origem e desenvolver um plano de tratamento adequado.
Outros profissionais também podem ser muito relevantes nesses casos, por exemplo, nutricionistas ou nutrólogos, alergologistas e endocrinologistas.
Enxaqueca tem cura?
Atualmente, não existe uma cura definitiva para a enxaqueca. No entanto, há várias opções de tratamento e manejo disponíveis para controlar os sintomas e reduzir a frequência e a intensidade das crises.
Como tratar
O tratamento da enxaqueca pode envolver uma combinação de medicamentos, terapias preventivas, mudanças no estilo de vida e abordagens complementares.
É uma jornada individual, pois a condição varia muito entre os pacientes, e o que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra. Mas há abordagens mais generalizadas que combinam diferentes modalidades e costumam ser eficazes para controlar a frequência e a intensidade das crises. Veja as principais estratégias de tratamento:
1. Medicamentos para alívio da dor como analgésicos e triptanos, medicamentos preventivos como os betabloqueadores e antidepressivos e os anticonvulsivantes. (Todo medicamento deve ser usado com orientação médica)
2. Alguns pacientes encontram alívio em algumas terapias complementares como as sessões de acupuntura e o biofeedback, que são técnicas que ensinam o controle consciente de funções corporais.
3. Estilo de vida e manejo de gatilhos:
- É importante fazer um diário da enxaqueca para identificar padrões e gatilhos individuais para evitá-los.
- Ter uma alimentação saudável e balanceada, consumir alimentos nutritivos e não processados e evitar alimentos que desencadeiam as crises.
- Técnicas de relaxamento, meditação e atividades relaxantes para controle do estresse podem reduzir a ocorrência de crises.
4. Hormônios:
- Em mulheres cujas enxaquecas estão relacionadas ao ciclo menstrual, o uso de contraceptivos pode ser uma estratégia a ser considerada.
- Em mulheres na perimenopausa, pode-se fazer uso da terapia hormonal ou ajustá-la para minimizar as crises.
- Em mulheres grávidas, cujos hormônios sofrem muitas alterações.
5. A psicoterapia e outros tratamentos psicológicos podem ser muito úteis para abordar fatores relacionados ao estresse, ao equilíbrio emocional e a fatores que desencadeiam as crises.
O tratamento da enxaqueca normalmente exige paciência e experimentação, pois o que funciona para uns pode não ser eficaz para outros. A abordagem multidisciplinar, envolvendo medicamentos, terapias complementares, ajustes no estilo de vida e acompanhamento médico regular oferece a melhor chance de controle da enxaqueca e tende a melhorar a qualidade de vida da pessoa. É essencial personalizar um plano de tratamento adequado às necessidades de cada um.
Gatilhos
Os gatilhos, no contexto da enxaqueca, são fatores ou estímulos que podem provocar uma crise. Embora a reação exata a esses gatilhos varie entre indivíduos, identificá-los é o primeiro passo para espaçar e amenizar as crises.
Como funcionam os gatilhos?
Os gatilhos podem desencadear uma série de eventos no cérebro que culminam na ativação das vias neurais associadas à dor. Alguns gatilhos desencadeiam a liberação de substâncias químicas, como a serotonina, que atuam na modulação da dor e no estreitamento dos vasos sanguíneos. Outros podem desencadear uma resposta inflamatória, contribuindo para a dor intensa característica da enxaqueca.
Gatilhos comuns da enxaqueca:
1. Alimentação: alimentos como chocolate, queijos envelhecidos, alimentos processados, cafeína em excesso e álcool são gatilhos comuns, mas há outros e a lista varia de pessoa para pessoa.
2. Hormônios: alterações hormonais, especialmente em mulheres, podem desencadear crises de enxaqueca devido a alterações nos níveis de estrogênio. Isso inclui as oscilações menstruais, uso de contraceptivos ou terapia hormonal.
3. Estresse: grandes alterações no nível de estresse, seja de natureza positiva ou negativa, são os gatilhos mais comuns.
4. Alterações no padrão do sono: manter uma rotina de sono regular é o melhor caminho, pois tanto a falta quanto o excesso de sono podem desencadear enxaquecas.
5. Variações climáticas: mudanças bruscas no clima, na pressão atmosférica e na exposição a condições extremas, como calor ou frio intensos, podem funcionar como gatilho para algumas pessoas.
6. Luz forte e sons altos: a exposição a luz intensa, especialmente as que piscam, e sons altos podem ser gatilhos para pessoas mais sensíveis.
7. Odores fortes: determinados odores, como perfumes fortes, produtos químicos e poluição do ar, podem provocar crises.
8. Jejum prolongado: pular refeições ou ficar muito tempo sem comer está também entre os fatores causadores da enxaqueca.
9. Alterações na rotina: mudanças abruptas na rotina diária, como nos horários das refeições e padrões de sono, também podem funcionar como gatilhos.
10. Exercício intenso: o papel da atividade física na enxaqueca é complexo e varia de pessoa para pessoa. Para alguns, o exercício regular pode ajudar a reduzir a frequência e a intensidade das crises, promovendo a liberação de endorfinas e melhorando o bem-estar geral. No entanto, é fundamental adotar o equilíbrio, já que os exercícios extenuantes, especialmente quando não são parte da rotina regular da pessoa, e a desidratação também podem funcionar como gatilhos.
Administração dos gatilhos:
Para controlar os gatilhos é necessário identificá-los individualmente, e a melhor ferramenta para isso é o diário da enxaqueca. Manter um registro detalhado de atividades, alimentos consumidos, padrões de sono, níveis de estresse (inclusive a ira) e estímulos ambientais é uma ótima maneira de identificar padrões. O próximo passo é implementar estratégias específicas para evitar ou mitigar esses gatilhos sempre que possível.
Normalmente, o tratamento da enxaqueca combina o controle dos gatilhos com tratamentos medicamentosos e terapias complementares. É importante ter o acompanhamento de um profissional de saúde especializado em enxaqueca para desenvolver um plano de tratamento personalizado que leve em consideração os gatilhos individuais de cada paciente.
A complexa relação entre alergias e enxaqueca
A interação entre enxaqueca e alergias é um campo de estudo em constante evolução, pois não se entende completamente os mecanismos que envolvem essa relação. No entanto, as evidências sugerem que há sim uma conexão entre essas duas condições, e entender essa relação é importante para controlá-las. Vamos ver essa complexa relação com mais detalhes:
Mecanismos biológicos:
1. Inflamação: tanto a enxaqueca quanto as alergias envolvem processos inflamatórios, e a liberação de substâncias inflamatórias pode estimular a ativação das vias neurais que disparam a dor da enxaqueca.
2. Liberação de histamina: é comum as alergias envolverem a liberação de histamina, uma substância química que pode desencadear sintomas alérgicos. A histamina pode influenciar também os vasos sanguíneos e desempenhar um papel relevante no aparecimento de enxaquecas.
3. Reações imunológicas: ambas as condições podem ser influenciadas por reações imunológicas anormais. A regulagem inadequada do sistema imunológico pode contribuir para a ocorrência de enxaquecas em pessoas propensas a alergias.
Tipos de alergias relacionadas à enxaqueca:
1. Alergias Alimentares: conforme mencionado anteriormente, alguns alimentos, como chocolate, laticínios, álcool e alimentos processados, podem funcionar como gatilhos em algumas pessoas. É fundamental excluir esses alimentos da dieta.
2. Alergias respiratórias: pessoas que sofrem de rinite alérgica ou outras condições respiratórias alérgicas podem ter uma predisposição maior para enxaquecas.3. Alergias ambientais: a exposição a alérgenos ambientais, como pólen, ácaros e mofo, pode desencadear alergias e, consequentemente, enxaquecas.
O diário da enxaqueca pode ajudar a identificar padrões com informações sobre exposição a alérgenos, sintomas alérgicos e ocorrência de enxaquecas.
Além disso, testes alérgicos, como os testes cutâneos ou exames de sangue, conseguem identificar alérgenos específicos que podem desencadear os sintomas.
Controlar as alergias com medicamentos, como anti-histamínicos, pode ajudar a reduzir a quantidade e a intensidade das crises.
Em alguns casos, pode-se usar a imunoterapia alérgica para reduzir a sensibilidade a alérgenos específicos.
Vamos resumir isso tudo para você não se perder:
Adotar um estilo de vida saudável é fundamental para o controle da enxaqueca. Manter uma rotina de sono constante e a prática regular de atividades físicas moderadas, como caminhadas ou natação, podem ajudar. Além disso, é importante evitar os gatilhos conhecidos, como alguns alimentos citados acima e situações estressantes. Administrar o estresse por meio de técnicas de relaxamento, meditação ou mesmo psicoterapia precisa fazer parte do plano de tratamento.
A enxaqueca é uma condição que traz muitos desafios, mas há abordagens que podem melhorar a qualidade de vida daqueles que a enfrentam. Entender os sintomas, identificar os gatilhos individuais e desenvolver um plano de tratamento personalizado são ações fundamentais. Adotando um estilo de vida saudável, identificando a influência de fatores como alimentação, estresse e hormônios, você vai conseguir enfrentar melhor a enxaqueca e conseguir alívio e bem-estar duradouros.
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